Os surdos e os seus amigos

Abade Charles-Michael de l'Épée nasceu a 25 de Novembro de 1712, em Versailles e faleceu a 23 de Dezembro de 1789,
Estudou para ser padre católico e voltou a sua atenção para obras de caridade junto dos pobres. Teve oportunidade de encontrar duas jovens irmãs, surdas, e decidiu dedicar-se à salvação dos surdos em 1750. Em consequência das teorias filosóficas que apareciam na época, começou a desenvolver um sistema de instrução da língua francesa e religião. Nos primeiros anos da década de 1760, o seu abrigo tornou-se a primeira escola de surdos.A educação religiosa dos surdos, a sua advocacia e o desenvolvimento do francês gestual permitiram aos surdos, pela primeira vez, defender-se em tribunal, legalmente.
O Abade de l'Épée morreu no início da Revolução Francesa (1789). Dois anos depois da sua morte a Assembleia Nacional reconheceu-o como "Benfeitor da Humanidade" e desde aí os surdos têm direitos, de acordo com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
O seu método de educação centrava-se no uso de gestos partindo do princípio de que o surdo é ensinado através da visão. L’Épée desenvolveu um método de ensino usando algum léxico da língua gestual, combinado com gestos inventados, que representavam as terminações verbais, artigos e verbos auxiliares da língua francesa.
O que diferencia l'Épée dos educadores de surdos antes dele, foi ter permitido que os seus métodos e o acesso às suas aulas fossem abertos ao público e a outros educadores. Em resultado desta abertura, tanto quanto ao seu sucesso, os seus métodos influenciaram toda a educação de surdos actual.
Origem Wikipédia, resumo de Aléxia

Túlia Correia
Nasci no dia 6 de Novembro de 1975 em Albufeira.
A surdez foi descoberta com poucos meses de vida. Aos 9 meses fui operada no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa em Lisboa, onde fui “aparelhada” (prótese auditiva)
Aos 4 anos entrei para o infantário de Paderne. Nessa altura, frequentei em Faro umas sessões de terapia da fala ministrada por Fernanda Horta em Faro, na Escola da Penha de onde fui obrigada a desistir por motivos económicos e de transporte. Apenas apoiada por professores do ensino regular da mesma turma onde estive integrada, chumbei 3 vezes por falta de condições de apoio. As professoras do Ensino Especial só se deslocavam à Escola Primária de Paderne 2 ou 3 vezes por ano. Na terceira classe, 2 vezes por semana, deslocava-me à Escola Primária de Loulé para ser apoiada pelas professoras de Ensino Especial. Aos 12 anos, entrei para o Posto Oficial da Telescola de Paderne, sem dúvida, melhores tempos para mim porque via as aulas de cada disciplina dadas através da televisão. Aos 14 anos fui para a Escola Secundária de Albufeira, onde fiquei do 7.º ao 10.º ano. Nos intervalos, estava sempre sozinha, não convivia muito com os novos colegas Para me entreter ia sempre à biblioteca ou a um café perto da Escola.
No Verão, trabalhava em part-time em diversos locais: Clube de Vídeo, loja de bijutaria, geladaria e por fim, num bar.
Em 1994, já no 10.º ano, o cansaço e a desmotivação venceram-me e fui obrigada a desistir dos estudos. Poucos meses depois fui admitida no curso de Restauro de Mobiliário e de Obras de Arte Sacra. O curso durou 2 anos mais um estágio. Em 1996, fui trabalhar na Santa Casa de Misericórdia de Albufeira a cuidar de bebés. Foi uma experiência gratificante, especialmente cuidar de um bebé de 3 anos com multi-deficiência mas que não era surdo mas mudo. Depois desta experiência ainda trabalhei três anos, também como Auxiliar de Acção Educativa no Jardim de Infância de Paderne.
Nessa altura, fundei com outros colaboradores a Delegação do Algarve da Associação Portuguesa dos Surdos, sedeada em Albufeira, onde fui Presidente da Direcção durante 6 anos.
Em 1999, a Associação Portuguesa dos Surdos organizou um curso para Formadores de Língua Gestual Portuguesa em Lisboa. Inscrevi-me para esse curso e fui admitida. Durante o curso fiz dois estágios, no Colégio de São Marçal, pertencente à Casa Pia de Lisboa e na Escola EB 1 das Laranjeiras e fui colocada na Unidade de Apoio à Educação das Crianças e Jovens Surdos de Faro. Actualmente trabalho no Agrupamento de Escolas da Sé e também na Escola Secundária Tomás Cabreira, Escolas de Referência para a Educação do Ensino Bilingue dos Alunos Surdos.
Resumo feito pelo Carlos